terça-feira, 19 de julho de 2011

Interferência ????da linguagem na escrita???





  Na escrita de textos do dia-adia como bilhetes, placas, receitas podem ser identificados fenômenos ligados à interferência da oralidade na escrita, que tem sido alvo de análises frequentes da língua e da escrita. 
Muitos linguistas têm estudado essa regra variável do português brasileiro e têm mostrado que a regra de concordância prevista nas gramáticas normativas, hoje em dia, se aplica somente em estilos da linguagem mais formalizada. 
 Em momentos onde não existe cobrança do formal, todos em sua maioria passam a  usar uma regra de concordância que flexiona apenas o primeiro elemento da expressão. Essa regra, então, não é exclusiva de falantes das áreas rurais como é o personagem Chico Bento ou apenas de falantes com pouca escolaridade. Por essas regras estarem tão enraizadas na linguagem oral, é comum que nossos alunos vão empregá-las em seus textos escritos que, por sua natureza, devem se aproximar da regra de concordância da gramática normativa.


1-    “Um gato que morava nu castelo”...
2-    “o dia começou quando nóis fomo para a iscola”...
3-    “O leão ficava machucando todas as pessouas”...
4-    “Ela foi pra rua pra cata uva e faze suco”...
5-    “E o carpinteiro qui era pai dos sete filho”...


Os trechos acima foram retirados de atividades dos meus alunos, uma turma de seis anos do primeiro ano do ciclo, período integral.
Em muitos casos , realmente podemos identificar a interferência da linguagem falada na linguagem escrita, não apenas em crianças que estão iniciando sua alfabetização mas também em textos produzidos por pessoas adultas , com certo conhecimento de ambas as linguagens.
No entanto, é possível justificar tal fenômeno de diferentes pontos de vista. Um deles, poderíamos citar , vem a ser o cultural , onde a fala é um objeto natural, onde cada grupo social desde o nascimento, propõe-se à transmitir aos seus membros informalmente sua cultura e consequentemente, finalidades da linguagem oral, como pedir comida, como orar, como cantar, como conversar com os mais velhos , o que difere de um grupo á outro, etc.
Outro fator que explica as peculiaridades da distinção entre fala e escrita, diz respeito à fatores de ordem histórica, suas influências culturais, e interesses políticos.ou seja, até que ponto determinado grupo têm acesso às informações do seu meio social, à educação estabelecida como modelo por uma determinada minoria dominante, que não é algo recente, mas muito antiga.
Entretanto, a função sempre é a mesma a comunicação, seja na fala ou na língua escrita. E por que são diferentes? Devido necessidade histórica e política de existir uma forma unica , dita culta. Padronizar para excluir.até porque poucos têm acesso á escolarização eficiente.

 A questão que fica diante de tudo isso é: Corrigir ou não a criança? Acredito que informar é a melhor maneira para se corrigir. Para tanto deve ser prática do professor, conversar sobre as tend~encias da língua, trabalhar com textos diversos, listas de palavras das dificuldades percebidas no grupo de alunos e suas produções, o que exige do professor real compromisso e conhecimento sobre o assunto. 


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